segunda-feira, 7 de junho de 2010

Entrevista com o artista plástico Eder Roolt.



Há alguns meses, em uma exposição, em janeiro na Oficina Cultural Oswald de Andrade, assisti a uma interessante discussão em torno da obra de um artista plástico: perguntavam os presentes se aquilo era uma fotografia ou não; para o espanto dos presentes foi revelado que a obra se tratava de uma pintura em óleo sobre tela. O objetivo da pintura não é imitar a fotografia, mas superá-la, pois se formos adiante em nossa observação, vamos verificar detalhes de luz, que a fotografia chapa e perde, e a pintura enaltece e recupera.

O pintor em questão é o artista plástico Eder Roolt, que tem se superado não só na técnica, mas, como ele mesmo diz em sua entrevista, tem se tornado um grande conhecedor de seu ofício, com o estudo de seus predecessores. O princípio da arte é superarmos a nós mesmos, o que está fora modifica o que está dentro de nós. Afirma o pintor que a literatura lhe foi tão importante para se expressar artisticamente quanto o domínio de uma técnica. A arte vai além da técnica, a arte serve para capturar a alma do mundo. Isso nenhuma técnica ensina.

Portanto leia as palavras de Eder Roolt, e para conhecer um pouco mais de sua arte visite seu blog: http://www.flickr.com/photos/roolt/ , e tire suas próprias conclusões.


Uma Voz no Invisível - Qual foi seu primeiro contato com as artes plásticas e ou visuais? Quando estas artes se destacaram em seu mundo?

Eder Roolt - Desde muito cedo, mas por volta de 10 ou 12 anos, vendo uma matéria na televisão eu quis saber realmente quem era Tarsila do Amaral e porque seus trabalhos eram tão conhecidos e valorizados. Depois disso comecei a estudar artes.

Uma Voz no Invisível - Em algum momento a escola formal (fundamental ou médio) criou em você interesse ou necessidade de fruição da arte e suas expressões?

Eder Roolt - Eu não sei, talvez sim, talvez não. Na escola tive ótimos professores, mas ao invés de fazer arte aprendi a ler e a gostar de ler e isto foi fundamental para minha formação.

Uma Voz no Invisível - Em que momento sentiu a necessidade de se expressar como artista plástico?

Eder Roolt - Todo mudo tem necessidade de se expressar, uma prova disso é a fala, o diálogo. Penso que a artes é apenas uma extensão, ou uma aproximação ao belo. Algumas pessoas têm a pré-disposição para romper e criar paradigmas para que, de uma forma ou outra, pelo menos nosso próprio mundo mude e quem sabe as pessoas ao nosso redor também.

Uma Voz no Invisível - Em que momento se viu ou sentiu ou foi reconhecido como um artista plástico?

Eder Roolt - Essa é uma pergunta do tipo de quem vem primeiro: a galinha ou o ovo? Podemos ser artista plástico sem sermos reconhecidos. Isso é pessoal. Agora ser reconhecido como um artista plástico é fruto de muito trabalho e determinação.

Uma Voz no Invisível - Existiu ou existe uma pessoa em especial que lhe inspirou neste caminho ou lhe incentivou de forma positiva?

Eder Roolt - A primeira pessoa que me vem é a minha esposa. Se não fosse por ela meu caminho na pintura teria tido uma distância bem mais longa. E meus filhos é claro, essência do meu trabalho.

Uma Voz no Invisível - Qual a sua formação na área de artes plásticas e ou visuais (mesmo as informais; oficinas, de pesquisa individual, autodidata ou coletiva e outros)?

Eder Roolt - Sou artista autodidata, meu primeiro curso foi cerâmica e escultura, estudei fotografia sozinho e depois tive orientação do artista plástico Hildebrando de Castro com o qual trabalhei como seu assistente.

Uma Voz no Invisível - Participa de algum coletivo, grupo ou outra forma de agremiação de artistas, mesmo que não envolva a produção, mas também a mera discussão das expressões e meios de produção ou puro contato com seus pares?

Eder Roolt - Tenho muitos amigos artistas de profissão e de várias expressões artísticas diferentes, isso é fundamental, não sei se para a arte, mas principalmente como parte da nossa própria socialização.

Uma Voz no Invisível - Existe alguma técnica em que se especializou? Faz outras experimentações?

Eder Roolt - Primeiramente fiz muitas experimentações e continuo fazendo, mas dedico maior parte do tempo a pintura a óleo.

Uma Voz no Invisível - Destaque alguma exposição (mostra ou outros) ou exposições das quais participou, de forma individual ou coletiva, que considere importante ou fundamental (artística ou afetiva) em sua atuação.

Eder Roolt - As duas exposições mais importantes para mim deste ano foram uma na Galeria Oscar Cruz e da minha participação da feira de arte de São Paulo (SpArte). As próximas exposições serão na feira de arte de Buenos Aires (arteBA) em junho e na Funarte em São Paulo em julho.

Uma Voz no Invisível - O que acha de subsídios oficiais para produção de artistas? Se utiliza ou já se utilizou destes recursos? O artista deve ser também um burocrata?

Eder Roolt - O único subsídio que recebi durante anos foi o da minha esposa que sustentava a casa e as crianças enquanto eu trabalhava sem receber nada.

Uma Voz no Invisível - Dê a sua opinião sobre o ensino de arte na escola formal e outras formas de educação.

Eder Roolt - Não sei como é ter ensino de arte formal, mas minha formação artística é bem ampla e intuitiva. Estudei desde história da arte até a história de cada artista que me interessava e suas técnicas.

Uma Voz no Invisível - Quais suas influências? Algum artista ou grupo de artistas lhe serviu de inspiração para seu trabalho ou lhe incentivou a produzir arte?

Eder Roolt - Tenho muitas influências, Hopper, Kandinsk, Da Vinci, Tarcila, Guinard, Mondrian, Hélio Oiticica, Cézanne, essa lista não terá fim, sem dizer dos artistas contemporâneos atuais que são muitos.

Uma Voz no Invisível - Neste momento você tem a palavra, fale sobre, dê sua opinião ou alguma informação que não foi revelada pelas questões anteriores e que considere pertinente ou simplesmente queira dizer. Rasgue o verbo!

Eder Roolt - Muito obrigado! E a cada dia que passa vamos prestigiar mais a arte porque sabemos que vale a pena mudar nosso mundo para melhor, mesmo que seja o nosso próprio mundo. Abraços.

CÂMARA REALIZA EXPOSIÇÃO DE PIERINO MASSENZI


EXPOSIÇÃO DE OBRAS DO ARTISTA PLÁSTICO PIERINO MASSENZI

Pierino Massenzi (1925 – 2009) – nasceu em Roma – Itália, veio para o Brasil em 1947, foi diretor de arte, cenógrafo, desenhista de produção e artista plástico deixou uma coleção de mais de quatro mil quadros e desenhos.
Um homem de múltiplas facetas. Cenógrafo, diretor de artes, decorador, projetista, professor da área de cenografia do Instituto Superior de Cinema da Universidade de São Luiz, em São Paulo e artista plástico. Conseguiu atuar em todas essas áreas e ganhar muitos prêmios.Sua sensibilidade permitiu que realizasse belos trabalhos em tela, dividindo-se em duas vertentes : o abstracionismo e o figurativismo. Este último com uma temática extremamente social em que demonstra a visão crítica de uma sociedade desigual.
Suas obras abstratas, tratam de um universo experimentalista, porém com um embasamento estético captado no cinema.
As obras aqui expostas pertencem ao acervo da Pinacoteca de Mauá, tendo sido doadas ainda em vida pelo próprio artista. É apenas uma pequenina amostra de seu extenso e rico trabalho, mas que tem em si mesma a força estética para bem representá-lo.Pierino Massenzi foi o que podemos chamar hoje de artista multimídia, em um momento em que nem ao menos se discutia este aspecto das artes, hoje relacionado à arte contemporânea. Em sua trajetória como artista, esteve presente em várias manifestações, foi pessoa importante no cinema nacional como cenógrafo, coreógrafo, e outras atividades, mas se destacou como pintor, sendo representado nesta exposição por obras que doou pessoalmente á Pinacoteca de Mauá.

Curadoria: Laurindo Cid, Luciana Lopez e Simone Bello.
Abertura: 30 de abril de 2010 às 14h.
Visitação: 01 de maio a 02 de julho de 2010.

Local: CÂMARA MUNICIPAL DE MAUÁ
Av. João Ramalho, 305 - Vila Noêmia - Mauá – SP (Saguão de Entrada).
Telefone: 4512-4500-(De segunda a sexta das 8h00 às 17h00)