quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Entrevista com Sandra Barreiro, artista do tridimensional.

Sandra Barreiro está pela primeira vez participando de uma exposição, trabalhando com objetos tridimensionais, em conversa com as fotografias da mostra “ FILHOS DA TERRA” em exposição no Museu Barão de Mauá, onde reproduções de fotos de Sebastião Salgado ocupam o mesmo espaço com suas esculturas, ou o contrário, a mostra muito bem integrada, permite as duas leituras.

Impressionamo-nos como a arte busca as pessoas para se manifestar, trabalhando muitos anos com decoração e artesanato. Autodidata, Sandra sentiu a necessidade de ir mais além. A transformação dos ambientes a alertou para a necessidade de transformar o mundo através da arte. O artista plástico não é uma pessoa incomum, é uma pessoa que aprendeu a ler o mundo com os olhos da arte.

Para ver o trabalho de Sandra Barreiro, convidamos a todos para ver a bela mostra “ FILHOS DA TERRA” que fica no Museu Barão de Mauá, em Mauá – SP, até dia 30 de setembro.




Uma Voz No Invisível - Qual foi seu primeiro contato com as artes plásticas e ou visuais? Quando estas artes se destacaram em seu mundo?

Sandra Barreiro - Eu sempre me interessei por arte, mas como observadora, comecei há quase 20 anos atrás, restaurando móveis, e ai não parei mais, trabalhei sempre com a transformação de ambientes, personalização de paredes e designer artesanal.
Fui docente no Senac, e também na Prefeitura de Mauá em um projeto que criei pra ensinar artesanato como geração de renda.


Uma Voz No Invisível - Em algum momento a escola formal (fundamental ou médio) criou em você interesse ou necessidade de fruição da arte e suas expressões?

Sandra Barreiro - Essa pergunta é bem interessante, neste período de escola, não tinha nenhum interesse pela arte, até achava muito chato, talvez por não estar sendo bem conduzida pelos professores.

Uma Voz No Invisível - Em que momento sentiu a necessidade de se expressar como artista plástico?

Sandra Barreiro - Essa necessidade faz parte de toda a minha existência, mas todas as vezes em que tinha que criar (personalizar) uma parede ou um móvel, ou desenvolver um produto para um cliente, essa necessidade se fazia presente.

Uma Voz No Invisível - Em que momento se viu ou sentiu ou foi reconhecido como um artista plástico?

Sandra Barreiro - Tudo é muito novo pra mim, embora já trabalhe há muito tempo com “transformações” como falei, me sentir ou ser reconhecido como artista plástico é uma novidade.

Uma Voz No Invisível - Existiu ou existe uma pessoa em especial que lhe inspirou neste caminho ou lhe incentivou de forma positiva?

Sandra Barreiro - Sim tem sim, é uma pessoa que conheci recentemente, e parece um amigo de muitos anos, (sabe esta sensação, que às vezes temos com algumas pessoas especiais?), nos conhecemos através da arte, ele viu umas máscaras de papel machê, que eu tinha feito, teceu longos elogios, e despertou em mim a vontade de expor meus trabalhos.

Uma Voz No Invisível - Qual a sua formação na área de artes plásticas e ou visuais (mesmo as informais; oficinas, de pesquisa individual, autodidata ou coletiva e outros)?

Sandra Barreiro - Sou autodidata.

Uma Voz No Invisível - Participa de algum coletivo, grupo ou outra forma de agremiação de artistas, mesmo que não envolva a produção, mas também a mera discussão das expressões e meios de produção ou puro contato com seus pares?

Sandra Barreiro - Não, sinto muita falta deste contato, esta troca é muito enriquecedora.

Uma Voz No Invisível - Existe alguma técnica em que se especializou? Faz outras experimentações?

Sandra Barreiro - Sim, gosto muito do papel machê, as possibilidades que ele nos permite e os muitos acabamentos que este material aceita.

Uma Voz No Invisível - Destaque alguma exposição (mostra ou outros) ou exposições das quais participou, de forma individual ou coletiva, que considere importante ou fundamental (artística ou afetiva) em sua atuação.

Sandra Barreiro - Esta é a minha primeira exposição, e certamente por este motivo, e pela crítica positiva que recebi, ela ficará em meu coração.

Uma Voz No Invisível - O que acha de subsídios oficiais para produção de artistas? Se utiliza ou já se utilizou destes recursos? O artista deve ser também um burocrata?

Sandra Barreiro - O Artista não tem que ser um burocrata, ele tem que ser artista, tem que criar, mas precisa de recursos pra isso, esse incentivo tem sim que vir de onde vier, da iniciativa privada e/ou subsídios oficiais.

Uma Voz No Invisível - Dê a sua opinião sobre o ensino de arte na escola formal e outras formas de educação.

Sandra Barreiro - Penso que o ensino de arte na escola deixa muito a desejar, pois não estimula o aluno a desenvolver o lado criativo, é uma disciplina só pra cumprir o programa letivo.

Uma Voz No Invisível - Quais suas influências? Algum artista ou grupo de artistas lhe serviu de inspiração para seu trabalho ou lhe incentivou a produzir arte?

Sandra Barreiro - Sim claro, somos como uma antena captando influências e inspiração.
Veja esta exposição, por exemplo, usei como fonte inspiradora a obra de Sebastião Salgado. Não tenho exatamente, um ou dois artistas como inspiração, é uma soma de tudo que me toca.

Uma Voz No Invisível - Neste momento você tem a palavra, fale sobre, dê sua opinião ou alguma informação que não foi revelada pelas questões anteriores e que considere pertinente ou simplesmente queira dizer. Rasgue o verbo!

Sandra Barreiro - Como você bem pode notar, não sou muito boa com as palavras,
Como diz o poeta Manoel de Barros: “Só uso as palavras pra compor o meu silêncio”
Obrigada pela oportunidade, um grande abraço.
Sandra Barreiro

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

" FILHOS DA TERRA" - Museu Barão de Mauá

" FILHOS DA TERRA" - Exposição 




Fotografias de Sebastião Salgado que fazem parte do acervo da Pinacoteca de Mauá
 
Esculturas de Sandra Barreiro feitas especialmente para esta exposição em consonância com as fotos apresentadas. 
 
A exposição reúne fotografias e esculturas significativas a respeito da sociedade contemporânea, que leva o visitante à uma reflexão crítica das realidades e contradições do cotidiano brasileiro: as migrações, o desemprego, a pobreza, a violência e a exclusão. 
 
De segunda a sábado, das 9h às 16h
De 12/08 a 30/09.
Local - Museu Barão de Mauá
Duração - 07h
Ingresso - Grátis 

  Sandra Barreiro e uma mostra de suas esculturas.





Ofcinas artístico-didáticas que ocorreram paralelas à exposição:
Desenho artístico à carvão
Sexta - 14h Data: 20-08-2010  
Com Daniel Ribeiro, professor de artes plásticas das Oficinas Culturais.
Local - Museu Barão de Mauá 
Duração - aprox. 2h 
Ingresso - Gratis
 
A palavra a partir da imagem
Sexta – 14h 27-08-2010  
Com Edson Bueno de Camargo, poeta da cidade de Mauá. 
Livre
Local - Museu Barão de Mauá
Duração - Aprox. 2h
Ingresso - Gratis

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Abstratos Exposição de obras abstratas do Acervo da Pinacoteca de Mauá-SP

Manabu Mabe




Abstratos
Exposição de obras abstratas do Acervo da Pinacoteca de Mauá
Indicação: Livre
Ingresso: Gratuito

Visitação: 11 de agosto a 30 de setembro de 2010
de Segunda a domingo, das 9hàs 18h.

Local: Saguão do Teatro Municipal de Mauá
Rua Gabriel Marques, n.º 353 - Centro – Mauá – SP (Acesso também pela Avenida João Ramalho, 456.)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Entrevista com o artísta-plástico e arte-educador Paulo Lorenzeti.



O intuito deste blog foi e é, dar voz aos invisíveis, os que estão fora da mídia burguesa e só de entretenimento. De uma certa forma Paulo Lorenzeti, bem ao modo dos surrealistas, deu a justificativa ao nome “Uma voz no invisível”, posteriormente do nome já escolhido, ao nos encaminhar um trecho de um poema de Rilke, ao celebrar a nossa iniciativa, justificou nosso nome. 

Arte educador, Paulo cita Fayga Ostrower, para compor a angústia diante deste grande desafio que é ensinar arte nas escolas. Imprescindível e necessário, mas ao mesmo tempo, ingrato, pois o arte-educador trabalha contra correntes muito conservadoras da pedagogia e preconceitos arraigados nas pessoas. A disciplina ainda é vista com um adereço na escola, de que a arte é uma coisa para escolhidos, e não para pessoas que a escolhem. Dizer que se ensina arte é falso, na medida em que a função do professor de arte é despertar no aluno a arte que já está nele, a arte que cada um carrega dentro de si, e será despertada com o contato adequado e com duro trabalho.

Paulo Lorenzeti é um destes artistas que renunciou o conforto de se trancar em um estúdio isolado do mundo, é dos que acreditam que a verdadeira democracia é a educação, e que dividir o que sabe é uma forma de construí-la. 

Para saber mais do trabalho do Paulo como educador:
e como artista plástico:


Uma voz no invisível - Qual foi seu primeiro contato com as artes plásticas e ou visuais? Quando estas artes se destacaram em seu mundo?

Paulo Lorenzeti - O meu primeiro contato talvez tenha sido com o meu pai, que sempre foi um exímio desenhista. Adorava vê-lo desenhar e aprendia com ele. Me recordo também de um livro de história sobre o Egito antigo que era do meu irmão, as imagens das esculturas , das pinturas e dos templos me fascinavam. Foi um livro que eu recortei, rabisquei, até ele deixar de existir (acho que eu internalizei, passou a existir dentro de mim). Mas acredito que a presença mais forte, consciente, foi acontecer muito tempo depois em 1997, quando eu me deparei com a capa do cd do Radiohed o “Ok computer” que é um trabalho de Stanley Donwood, daí eu pensei comigo: é isso o que quero fazer!


Uma voz no invisível - Em algum momento a escola formal (fundamental ou médio) criou em você interesse ou necessidade de fruição da arte e suas expressões?

Paulo Lorenzeti - Pra falar a verdade não. Acho que isso veio do meu pai.



Uma voz no invisível - Em que momento sentiu a necessidade de se expressar como artista plástico?

Paulo Lorenzeti - Como estava dizendo na primeira pergunta... surgiu a partir do meu encontro com o trabalho do Stanley. Mas de alguma forma eu sempre estive necessitado de fazer arte, porém no principio inconsciente, sem saber dar nome às coisas que estava fazendo ou querendo fazer. E tem uma história minha também com o meu primeiro trabalho que foi nas Linhas-Correntes, no bairro do Ipiranga , em São Paulo. Foi lá que descobri o Ribbon (uma fita para impressora de etiqueta) e com o qual eu comecei a fazer desenho e boa parte do meu trabalho é feito com essa fita. Foi a partir do meu envolvimento com este material é que decidi fazer faculdade de arte, me tornar educador/artista....e tantas outras coisas.


Uma voz no invisível - Em que momento se viu ou sentiu ou foi reconhecido como um artista plástico?

Paulo Lorenzeti - Eu sempre tive a necessidade de fazer arte, seja lá o que for. Minha produção é diária, vital... não sei, não penso nisso de reconhecimento...acho que só faço.


Uma voz no invisível - Existiu ou existe uma pessoa em especial que lhe inspirou neste caminho ou lhe incentivou de forma positiva?

Paulo Lorenzeti - Meu pai de alguma maneira, o Stanley como já havia dito... a Mai Fujimoto



Uma voz no invisível - Qual a sua formação na área de artes plásticas e ou visuais (mesmo as informais; oficinas, de pesquisa individual, autodidata ou coletiva e outros)?

Paulo Lorenzeti - Minha habilitação é em Artes plásticas (Fainc) isso no campo mais formal...
Também fiz parte de um coletivo que fez orientações com a Sandra Cinto na casa do olhar...
Mas muitas coisas que considero importante vem do encontro que tive com algumas pessoas, em especial com a Mai Fujimoto...
acho que é isso.


Uma voz no invisível - Participa de algum coletivo, grupo ou outra forma de agremiação de artistas, mesmo que não envolva a produção, mas também a mera discussão das expressões e meios de produção ou puro contato com seus pares?

Paulo Lorenzeti - Em artes plásticas no momento não. (trabalho só)

Uma voz no invisível - Existe alguma técnica em que se especializou? Faz outras experimentações?

Paulo Lorenzeti - Está minha pequena trajetória foi feita da experimentação com o Ribbon, a tal fita que descobri lá na fábrica e que depois acabou me tirando de lá...rsrsrs. Fita abençoada.

Uma voz no invisível - Destaque alguma exposição (mostra ou outros) ou exposições das quais participou, de forma individual ou coletiva, que considere importante ou fundamental (artística ou afetiva) em sua atuação.

Paulo Lorenzeti - A última exposição: “Tangências”, no paço municipal em Sto. André, foi o auge do desenho com Ribbon.

Uma voz no invisível - O que acha de subsídios oficiais para produção de artistas? Se utiliza ou já se utilizou destes recursos? O artista deve ser também um burocrata?

Paulo Lorenzeti - Não sei....acho que precisa defender o seu trabalho, mas não penso nisso.

Uma voz no invisível - Dê a sua opinião sobre o ensino de arte na escola formal e outras formas de educação.

Paulo Lorenzeti - Como respondi em alguma questão anterior ...sou um educador/artista e trabalho numa escola Estadual aqui de Mauá a Diva Gomes dos Santos (aqui vai o endereço do blog se quiserem acompanhar o trabalho por lá: www.artenaescoladivagomes.blogspot.com/), não sei .. nesse caso acho que posso falar apenas do meu trabalho, pois não conheço “efetivamente” outras realidades e sendo assim, acredito que ensinar uma coisa que não se ensina é uma tarefa no mínimo complicada...rsrs. Fico com a Fayga Ostrower: '' é difícil ser professor de arte, pois nós artistas, bem sabemos que arte não se ensina; a única coisa que é possível fazer dificílima, é ajudar os outros a formularem perguntas, suas próprias perguntas. Ao formularem as perguntas, estarão encaminhando se para as possíveis respostas”. Acho que é um pouco disso que tento fazer com as crianças em nossos encontros.


Uma voz no invisível - Quais suas influências? Algum artista ou grupo de artistas lhe serviu de inspiração para seu trabalho ou lhe incentivou a produzir arte?

Paulo Lorenzeti - Hoje:

1.jonsi and alex
2.mai fujimoto
3.Tom Zé
4.Cildo Meirelles
5.Roberto Piva
6.Joseph Beuys
7.Paulo Freire
8.Chico dos Bonecos
9.Fayga Ostrower
10.José Pacheco
11. (outros...)



Uma voz no invisível - Neste momento você tem a palavra, fale sobre, dê sua opinião ou alguma informação que não foi revelada pelas questões anteriores e que considere pertinente ou simplesmente queira dizer. Rasgue o verbo!

Paulo Lorenzeti - Eu só queria agradecer pelo espaço. Obrigado.